segunda-feira, abril 30, 2012

Felicidade

E me perguntaram
O que seria a felicidade na minha concepção
Pergunta um tanto capciosa
E não soube responder
Pare, pensei...
Então felicidade é...
Dormir com barulhinho de chuva
Receber abraços de quem se ama
Beijo molhado de criança
Rir de nada
Rir de tudo
Dançar, dançando engraçado
Cantar uma música que ninguém cantou antes
Parecer maluca em público de vez em quando
E achar graça
Correr na chuva
Fugir da chuva
Chegar primeiro
Chegar por último
Usar meias no inverno
Ouvir a música favorita e cantar junto
Encômio em momentos inesperados
Agrados em momentos inesperados
Se alegrar com a felicidade alheia
Dormir até não querer mais
Acordar cedo e aproveitar o dia
Fazer tudo
Fazer nada
Paz
Estar saciado com tudo que se faz, com tudo que se tem.






sexta-feira, abril 27, 2012

Espelho

Espelho
Espelho meu
Por que faço essa pergunta
Se afinal quem responde sou eu
E nem sempre sou sincera
Eu engano o espelho
Só mostro aquilo que eu  quero mostrar
Então por que perguntar ao espelho
Se só vejo aquilo que quero ver
Induzir-me ao engano
Induzir-me a resposta editada
De que me preservo?
Se não quero ver o reflexo real
Falsidade, talvez
Quem sabe medo
Medo pode traduzir bem.
Então, tenho medo
Do reflexo no espelho.
Espelho
Espelho meu
Fiquei  bem quietinho
E não diga quem sou eu.





quinta-feira, abril 26, 2012

Suscita

Ontem me perguntaram se já havia sofrido por amor?
Sem titubear respondi
Muitas vezes
Até poucos dias atrás estava nesse estado
Espantou-se aquele que perguntou
E torna a perguntar, estás a brincar?
Respondo: de forma alguma.
Amo
Amei
E já me propus a amar
Em alguns casos decepção é inevitável
Que culpa tenho eu
Se me suscita  amar um incapaz
E que culpa tenho
Se me suscita muitas vezes.
E ainda assim estou
Disponível
Disposta
Inabalada
E dou a cara a tapa
Por não sei quantas vezes mais
Não me importa,
Não sou covarde
Para evitar o sofrimento e o pesar.
Se vivo sinto
Se sinto vivo
E quero estar viva
E quero sentir.










quarta-feira, abril 25, 2012

Pauta

Eu gosto de escrever sem pauta
Eu gosto de escrever sem linha
As vezes eu escrevo mais pra baixo
As vezes eu escrevo mais pra cima
As vezes eu escrevo alinhado
Outras vezes desalinha
As vezes eu escrevo com letra grande
Outras vezes com letra pequenininha
O importante é a liberdade
Onde nem pauta nem linha
Delimita
Sem marcar início ou fim.



terça-feira, abril 24, 2012

Eu



Perguntaram-me quem era eu
Me pediram pra falar sobre eu
O que tenho a dizer de eu?
Conheço bem eu
Mas eu confundo eu
Penso muito em eu
Penso muito sobre eu
Amo eu
Brigo com eu
Não sei se importa falar sobre eu
Nem o que dizer sobre eu
Voltando pra eu
Buscando eu
Querendo eu
Encontrando eu
O que digo sobre eu?
Talvez não conheça eu
Eu muda muito de eu
Bagunça tem eu
Eu todo dia vira um novo eu
Eu todo dia conhece um novo eu
Eu não sei sobre eu
Eu não falo de eu
Eu engana eu
Eu falou muito de eu
Mas não disse nada a respeito de eu.






domingo, abril 22, 2012

Deixam

As pessoas precisam entender
Que muitas vezes
Os atos que cometem
As palavras que dizem
E a maneira que agem
Faz com que elas deixem
De caber na vida alheia
Não é que não queiramos que caibam
Elas que simplesmente deixam de caber
Deixam de ser interessantes
Deixam de ser especiais
Deixam de ser importantes
Deixam o espaço que conquistaram
Ser esvaziado
Algumas vezes deixam grandes ensinamentos
Outras vezes não deixam nada
Vez por outra
Voltam reivindicando o espaço que fora conquistado
Como se explica
Algo para aquele que não enxerga
Nada, além de si próprio no espelho
Que somos responsáveis
Por tudo que fazemos
Que do mesmo modo que ganhamos, perdemos
Que pessoas não são brinquedos
Que sentimentos não são palavras
Que palavras são esquecidas
Que palavras o vento leva
Que a vida é passageira
E que cabe a nós fazer com que valha a pena
Que o pra sempre pode sim existir
Que o eterno pode durar um segundo
Ou a vida inteira
Que nunca é tempo demais
E que por muitas vezes escolhemos o nunca
Na verdade vezes demais
Por isso e por muito mais
Muitas pessoas deixam de caber
Na minha vida
Não é que eu não queira
Que elas caibam
É que elas simplesmente deixam de caber.




sexta-feira, abril 20, 2012

Apetece

Não mais
Ele não serve pra mim
Não digo que eu sirva pra ele
Mas ele não serve pra mim
Não mais
Não vejo mais aquele
Por quem me apaixonei
Não vejo mais
Aquela pessoa que me encantou
E não conheço
Esse que está ai
E talvez nem queira conhecer
Pessoas mudam o tempo todo
(Não entendo porque)
Eu mudo o tempo todo
(As vezes fazendo por querer)
Mas esse que tem lá
Não me apetece mais
Não me enche mais de alegria
E acho que seus lábios não amo mais
Nada
Apenas silêncio
Inércia
Indiferença
E se perdeu
Tudo que cativou
Esse que tem lá
Não conheço mais
Mas sei que não serve pra mim.



quarta-feira, abril 18, 2012

Enfim

E eu pensei
Pensei
Repensei
E pensei
E não consegui parar de pensar
Não consegui concluir
E quase que fiquei sem dormir
Tentei nomear
Mas não consegui intitular
É um misto de apreço com repulsa
É querer bem
E querer bem longe
Não querer esse prazer
E muito menos essa agonia
Onde a felicidade
Vem associada a dor
Dilacerante
Loucura talvez
Devaneio traduz bem
Onde de certo
São apenas os aludes
Enfim
Não consigo traduzir
Nomear
Intitular
Talvez devaneio traduza bem.




terça-feira, abril 17, 2012

Chorar

De onde venho
Chorar não é vergonha
Chorar não é humilhante
Chorar não é feio
Chorar alivia a alma
Alivia o peito
Alivia o coração
Alimenta sentimentos
Alimenta sensação
Alimenta razão
Choro de alegria
Choro de dor
Choro de satisfação
Onde lágrimas e sentimentos
Caminham juntos
Aliviando alma e coração
Chorar não é feio
Chorar é demonstrar ser humano
Demostrar sentimentos
Sentimentos não é motivo de vergonha
Vergonhoso é a maneira que se age
Vergonhoso as vezes é o que se faz com sentimentos
Seus e alheios
Portanto chorar não é vergonha.



Flecha

E bate o desespero depois de ter lançado a flecha
Arrependimento
O mesmo que dá depois de ter
Jogado a pedra
Disparado o gatilho
Agradeço aos céus
Por ser descoordenada
E errar o alvo
Mas nada apaga
A intenção
O ato de te-lo feito
A vergonha de ter feito
Agir por impulso
Sempre nos trás constrangimento
Arrependimento
É algo difícil e duro de se carregar
E nada apaga
Nada faz voltar atrás a flecha lançada
O gatilho disparado
A pedra jogada
A palavra pronunciada
A ofensa proferida
Arrependimento
É algo duro de se carregar.



domingo, abril 15, 2012

Simples

Quando eu não amava nada
Foi quando aprendi o que é o amor
E descobri que
Amar é olhar o horizonte
Vendo o pôr-do-sol
Achando magnífico
Ter a certeza de desejar isso
Todos os dias
Querer ver todos os dias
E não querer para si
Não ter a necessidade de levar pra casa
Não precisar dizer que é meu
Aprendi a deixar livre
As coisas que amo
Sem criar prisioneiros
Nem me tornar prisioneira
De um vão sentimento
Deixo livre aquilo que amo
Por que se voltarem as cativei
Não quero ninguém que seja meu
Não quero ninguém pra chamar de meu
Quero alguém que fique por querer ficar
Que volte por querer voltar
Que talvez nunca tenha partido
Quero alguém que ame
Sem querer saber
Sem querer entender
Sem querer medir
De forma profunda
Passional
Incondicional
Que ame cada detalhe
Que ame cada segundo
Que simplesmente ame por amar.





sábado, abril 14, 2012

Semente

O amor é como uma semente
E as vezes cai em terra seca
E não brota
Mas nem por isso deixa de ser amor
Toda semente precisa ser
Regada
Adubada
Cuidada
Para brotar
Quanto mais você cuida
Maior
E mais forte ele nasce
E também acho
Que podemos ter vários amores na vida
Podemos encontrar várias vezes
O grande amor da nossa vida
Porque possuímos muitas vidas
Cada dia é uma nova vida
Cada dia somos uma nova pessoa
E nada mais justo
Que a cada vida
Que a cada novo eu
Eu encontre o grande amor dessa vida
Torcendo para que a semente
Caia em terra fértil
Assim impedindo uma nova vida
Um novo eu
E um outro grande amor
E o amor é como uma semente
Que as vezes cai em terra seca
E não brota.


quinta-feira, abril 12, 2012

Estava

As margens de mim
Estava eu pensando
Naquilo que eu era
No que sou
E no que ainda quero ser
Não me orgulho
Nem me envergonho
Do que me tornei
Não há grandes conquistas
Nem doloridas derrotas
Só o meio termo
Morno
Morno não é tão ruim
Porém podia ter sido belo
Do mesmo modo que poderia ter sido desprezível
Plantei um jardim
Não esperei que me trouxessem flores
Admirei as palmeiras da minha terra
E o canto dos sábias
Dei tudo ao meu amor
E fui atenta
E na fase de maior encanto
Encantou mais meu pensamento
Mas de fato a mão que afaga
É a mesma mão que apedreja
Aprendi que beijos não são contratos
E presentes não são promessas
Que nossas dúvidas são traidoras
E nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar
Pelo medo de errar
As margens de mim
Estava eu pensando.



quarta-feira, abril 11, 2012

Incômodo


Sim
Porque estou me deixando levar por um sentimento
Que não devo dar passividade
Não devo me permitir
Não chegar a ser raiva
Mas pode ser próximo a isso
Quase me sentindo traída
Ciúmes talvez
Ciúmes é uma boa palavra
"a reação complexa a uma ameaça perceptível a uma relação valiosa ou à sua qualidade."
Talvez não seja bem isso
Talvez o que eu sinta ainda não tenha nome
Causa-me perplexidade
Incômodo
E nem sei
Se me sinto feliz
Ou triste
O que eu sinto ainda não tem nome.


terça-feira, abril 10, 2012

Incongruência


Mentir não é deixar de ser sincero?
Nem sempre.
Mentir é deixar de ser honesto?
Geralmente. Mas honestidade e sinceridade nem sempre são sinônimos.
 Então negar com veemência um ato que nem foi perguntado é o que?
Desespero?
 Pelo que?
 Sou daquelas que omitir não é mentir, e pra que dizer aquilo que te traz sofrimento...
Desespero em mostrar algo que não se consegue.
A troco de que?
Quem saberia? Eu entendo mais coisas do que posso explicar.
Só os louco sabem...
E essa loucura nem a minha loucura compreende.

(com Thales Gonçalves)



Fidelidade

Não prometo fidelidade a ninguém
 Nem serei fiel a alguém
 Só sou fiel a mim mesma
 E de vez em quando ainda me traio
 Ser fiel é fácil
 Trair é difícil
 Trair a mim mesma não é duro
 Não exige muito esforço
 Quando me traio
 Só cabe a mim mesma me perdoar
 Auto-perdão é mais fácil de se conquistar
 Se não me perdoou
 Sou só eu e eu mesma
 Quase sempre me perdoou
 Ou aprendo a conviver com isso
 Auto-perdão é mais fácil
 Não prometo fidelidade a ninguém
 Talvez nem a mim mesma
 Talvez nem a aquilo que eu acredito
 Ser mutável acarreta a isso
 De tudo nada me garante que eu esteja certa
 E pouca vezes tive que me pedi perdão
 Talvez eu seja fiel
 Talvez eu queira ser fiel
 Ou não.


domingo, abril 08, 2012

Coração

As vezes eu penso
Que o coração
Só serve pra ser partido
Quebrado
Destruído
Estraçalhado
Despedaçado
Esnobado
Deglutido
Rasgado
Esmigalhado
Para que sempre o conserte
Juntar os cacos e reconstruir
Fazendo o cada vez mais forte
Transformando na máquina que deve ser
Coração não deveria ter vontade própria
Coração não deveria falar mais alto
Coração não deveria bater descompassado
Coração não deveria sobressair a razão
Coração não deveria ser coração.

Meninos

A diferença entre
Homens e meninos
Está
Em como eles nos fazem sentir
A nós mesma
O momento
A realidade
A fantasia
A intensidade
Eu prefiro os homens
Meninos são tão meninos
Meninos são tão
Domesticáveis
Afoitos
Inseguros
São cheios de mãos
Que pegam tudo
Mas não pegam nada
Eu prefiro os homens
Emocionalmente maduros
Sempre seguros
Estáveis
Sabem exatamente o que fazer
Como fazer
No momento certo
E eu conheço meninos de 30 anos
E homens de 15.


sábado, abril 07, 2012

Beija

Beijo
Beija
Me beija
Beija
Boca
Ombro
Rosto
Testa
Pescoço
Quadril
Mão
Beija
Suave
Voraz
Quente
Frio
Veloz
Moroso
Beijo
Intenso
Insosso
Inerte
Inocente
Beijo
Beija
Me Beija.


quinta-feira, abril 05, 2012

Habitual

Gostar de sensualidade e
Conotação sexual
Mesmo que de uma forma discreta
Ou indireta
Não sei explicar
Mas aos olhos de muito
Seria considerado depravado
Entendo o que você enxerga
E quase entendo o que você busca
Tornar o corriqueiro sensual
Sentir prazer com o habitual
Desejar
Não realizar
Talvez nunca
Isso também é bom
Só existir na fantasia.


quarta-feira, abril 04, 2012

Mente

E me perguntaram como eu consigo não me importar
Com a briga na porta ao lado
Com o trânsito que não flui
Com a fila que não anda
Com toda as coisas que muda o humor
Da maioria de todos
Assim eu respondo
Até onde sei
Tenho domínio dos meus
Olhos
Ouvidos
E mente
Vejo o que quero ver
Ouço o que quero ouvir
Na minha mente só fica
O que eu quero que fique
Memória seletiva pode ser bacana
Sim
Eu vivo no mundo que eu quero viver
Como quero viver
Mundo da lua.


Ele

E lá vem ele
Acariciar minha face
Fazendo meus cabelos dançarem
Tocando todo o meu corpo
Provocando arrepio
Levantando de vez em quando o meu vestido
E vem ele
As vezes suave
As vezes feroz
As vezes quente
As vezes frio
Me fazendo o sentir por completo
Provocando arrepio
Bagunçando meus cabelos
Bagunçando minha roupa
Me fazendo sentir algo bom
Aliviando meu corpo
Sempre me fazendo querer mais
As vezes trazendo consigo o perfume das flores
E ele vai e volta
E eu quase sempre anseio por sua volta
Que delicia quando o sinto
E lá vem ele novamente
Querido vento
Fazendo meus cabelos dançarem.

terça-feira, abril 03, 2012

Ficar

Eu não sei se acho digno ir embora
E deixar meu coração contigo
Não sei se acho digno partir
E deixar meu coração aqui
Não sei se é mais digno
Ficar ou partir
Ficar ficou feio
Partir parece fugir
E eu já nem sei mais o quero
Estando lá
Estando aqui
Os pensamentos sempre buscam a ti
Seja dia
Seja noite
Faça chuva
Faça sol
E sempre você
De que adianta ficar se não estamos mais
De que adianta partir se não consigo ir
Ficar ficou feio
Partir parece fugir.





segunda-feira, abril 02, 2012

Chorei

E hoje
Depois de muito tempo
Eu sentei e chorei
Chorei de soluçar
Lavando minh'alma
Lavando rosto
Lavando magoa
Chorei como criança
que chora quando quer brincar
Chorei como bebê
que chora por não saber falar
Chorei como ancião
que chora pela juventude que não irá voltar
Chorei
Chorei
E chorei
Visitei a mim mesma
E quase gostei do que encontrei
E de tanto que chorei
Nem lembro
Por que comecei a chorar.

domingo, abril 01, 2012

Dançar

De poeta não tenho nada
Só aprendi a dançar com as palavras
Aprendi a bailar com cada verbo
Conjugando a vida assim
De um jeito que não tá lá
Nem em mim
E quase consigo entender
Meus sentimentos
Expor minha humanidade
Sem medo
Sem vergonha
Quase que sem constrangimento
E assim vou dançando
Bailando por entre os verbos
Conjugando a vida assim
Sendo menina
Que rodopia
Baila
Chacoalha
Oscila
Balança
Dança
Ri
Enfim.